colonialismo
Floresta é o Nome do Mundo Open Library Goodreads
The Word for World is Forest
author: Ursula K. Le Guin translator: Heci Regina Candiani Morro Branco 2020 - 10
O planeta Athshe era um verdadeiro paraíso, coberto por densas e colossais florestas. Seus habitantes, humanoides com pouco mais de um metro de altura e corpos cobertos por pelos verdes e sedosos, viviam em paz.

Então outros vieram. Muito mais altos e de pele lisa, eles caíram do céu e começaram a desbravar o território ao seu redor, enxergando os nativos como meros animais selvagens. Eles vieram de um mundo em ruínas e superpovoado, faminto por matérias-primas, madeira e grãos: a Terra.

Sem precedentes culturais para tirania, escravidão ou guerra, os nativos encontram-se à mercê de seus novos e brutais colonizadores.

Quando o desespero atinge níveis inimagináveis, uma revolução é inevitável. Cada golpe contra os invasores será um golpe contra sua própria humanidade. Mas os conquistadores alienígenas os ensinaram a odiar... e não há como voltar atrás.
Oct. 25, 2025 read
Oct. 25, 2025 Review "a substância de seu mundo não era a terra, mas a floresta" - "floresta é o nome do mundo" tem uma estrutura caleidoscópica, múltipla como a floresta. em vez de uma narrativa exatamente coesa, o que temos são diferentes perspectivas, nenhuma delas unificadora do todo. don davidson representa a mentalidade colonizadora em seu ápice destrutivo. é um homem arrogante, que direciona sua violência a tudo que seja vulnerável. ele por si só é um homem fraco. sua força vem de apetrechos: instrumentos mecânicos como armas de fogo e gafanhotos (os meios de transporte aéreo do livro), além de um status privilegiado nas hierarquias da colônia. "os fracos conspiram contra os fortes, o homem forte tem de ser independente e cuidar de si" (cap. 7) em athshe, uma terra cheia de vida, davidson vê apenas alvos: "creechies" aparentemente inofensivos que se escondem em tocas no meio da mata. árvores e demais seres, para don, são como objetos inertes, apenas aguardando para serem domesticados por ele. visão que se mostra extremamente enganosa. a agressividade de don em relação ao selvagem, em algum nível, é reação ao seu próprio medo inconsciente de ser engolido pela floresta. "nada era puro, seco, árido, simples. faltava revelação. não havia como enxergar tudo de uma vez; nenhuma certeza." (cap. 2) tanto lyubov como davidson, a seu próprio modo, temem a floresta. pois a floresta é escura, e em suas raízes (que carregam o mesmo nome da palavra "sonho", em athsheano) estão o inconsciente e os sonhos. don renega esse receio, e essa repressão extravasa em uma reação muito mais berrante. lyubov está consciente desse medo, mas tenta fazer as pazes com ele. diferente de don, que quer eliminar o que ele desconhece, lyubov crê que pode apreender a floresta. para ele, o que é visto como aleatório ou caótico é na verdade uma série de padrões extremamente complexos. já selver, antes do contato com os humanos, é como os demais athsheanos. diferentemente de nós, autodenominados racionais porém dirigidos por uma série de impulsos que não temos conhecimento ou controle, os athsheanos estão em contato constante com sua interioridade. não há, para eles, distinção clara entre o inconsciente e o consciente. eles fazem parte da floresta, e vivem em intercâmbio com esse sistema, partilhando sensações e sonhos. no entanto, com a chegada dos humanos, algo muda. selver passa a ter pensamentos violentos, como resultado das opressões sofridas. selver é, portanto deus-criador de um novo tipo de pensamento, que passa a circular nas mentes de seu povo tal qual um vírus. num primeiro instante, a agressividade é útil em eliminar os humanos e reestabelecer o estado original das coisas. mas é um equilíbrio ilusório, pois nesse sistema aparentemente intacto há um novo elemento. este livro foi o meu primeiro da ursula k. le guin, e provavelmente não será o último. ele faz parte do que os críticos denominaram como o "ciclo hainish" da autora. imagino que alguns temas e simbologias da autora ou desse ciclo ficaram perdidos em mim, mas a narrativa é bem inteira e riquíssima por conta própria.
acrônica colonialismo ecologia ficção científica
Permanecer bárbaro
Rester barbare
author: Louisa Yousfi translator: Diogo Santiago Autonomia Literária / GLAC Edições 2025
A integração social é tudo o que dizem ser? Não. Neste ensaio provocativo, belo e desafiador, Louisa Youfi desafia a sabedoria convencional que postula a integração como um bem puro, e mostra como a assimilação de povos pode equivaler à perda de tradições, religião, língua e cultura.

Inspirando-se no importante escritor argelino Kateb Iacine, Yousfi explora formas de resistir à hegemonia cultural e moral do Império. Citando uma ampla gama de referências, desde as personagens de Toni Morrison e Chester Himes, até as letras de rap dos "profetas da rua" Booba e PNL, Yousfi exalta as virtudes de sua identidade bárbara e defende aquelas almas corajosas que recusam-se em ser "domesticados".

Discutindo o 11 de Setembro, a era colonial argelina, o tratamento dado pela mídia às celebridades de origem árabe, ou o estatuto de segunda classe dos cidadãos franceses de origem imigrante, a autora se coloca como um espelho intransigente do Ocidente e de suas deficiências morais, como se dissesse: posso ser um monstro, mas quem é o verdadeiro monstro?

Com um amplo repertório de referências culturais que solidificam seu argumento, este pequeno livro é uma ferramenta que amplia e enriquece o debate sobre a política cultural anticolonial e sua estética da resistência.
Nunca mais?
Psychiatry's Role in the Occupation of Palestine
author: Campaign for Psych Abolition translator: edições insurrectas edições insurrectas 2025
Neste livro, o coletivo Campaign for psych abolition apresenta uma análise sobre o papel da psiquiatria como pilar de sustentação do extermínio realizado pelas forças sionistas há décadas contra o povo palestino.

O texto traça a história política da psiquiatria, sua criação e uso como modo de justificar a exploração violenta e tortura de povos colonizados ao redor do planeta, além de evidenciar a atualização e continuidade da empreitada colonial ocidental.
The Settlers (2023) NeoDB Douban IMDb WikiData TMDB
Los colonos
director: Felipe Gálvez actor: Camilo Arancibia / Heinz K. Krattiger
other title: Les Colons / Los colonos
Chile, early 20th century. José Menéndez, a wealthy landowner, hires three horsemen to mark out the perimeter of his extensive property and open a route to the Atlantic Ocean across vast Patagonia.
Ways of Seeing (1972) IMDb TMDB
Ways of Seeing
director: John Berger actor: John Berger
John Berger's Ways of Seeing changed the way people think about painting and art criticism. This watershed work shows, through word and image, how what we see is always influenced by a whole host of assumptions concerning the nature of beauty, truth, civilization, form, taste, class and gender. Exploring the layers of meaning within oil paintings, photographs and graphic art, Berger argues that when we see, we are not just looking - we are reading the language of images.
Sept. 1, 2025 watched
uma série de pequenos documentários que começa no episódio 1 fazendo uma declaração sobre como perdemos uma confiança da infância em nossa habilidade de analisar pinturas a partir do nosso próprio olhar, e depois nos três episódios seguintes vai mostrando como isso tudo se relaciona intrinsecamente com colonizações dos mais variados tipos. colonizações essas que, dentre outros roubos, se apropriaram até mesmo do olhar das pessoas e puseram a presunção dessa faculdade nas mãos de meio punhadinho de gente.

para usar o meu próprio olhar julgando essa série: gostei muito porém achei lentinha demais em alguns momentos. mas por outro lado essa lentidão também favorece o formato, pq nos possibilita contemplar mais lentamente as imagens e nos dá tempo para refletir e tirar nossas próprias conclusões (em vez de apenas tomar como verdade apenas o que o apresentador fala). o que também tem uma compatibilidade com o próprio tema que é trabalhado.

encontrei no peertube: https://videos.abnormalbeings.space/w/7jy8fgyDMgaK9Hn6LUk1up
arte classe colonialismo documentário feminismo
Medicina e colonialismo Goodreads
author: Frantz Fanon Terra sem Amos 2020
No texto, inédito em língua portuguesa, o autor apresenta diversas formas de resistência oferecidas pelo povo argelino ante a presença do médico-colonizador, como a desobediência ao tratamento, a recusa em explicar o que passava ou sentia, assim como a transformação dessa postura quando a Frente de Libertação Nacional (FLN) assumiu partes do cuidado da saúde do povo argelino em sua guerra de libertação contra o colonialismo francês, ocorrida entre os anos de 1954 a 1962.