romance
O rio que me corta por dentro Goodreads
author: Raul Damasceno Astral Cultural 2025 - 6
Em Carrasco, lugarzinho perdido no sertão cearense, Cícero passa a infância à espera. A mãe, Aneci, trabalha como empregada doméstica na capital e volta apenas uma vez por ano, sempre em dezembro, para a terra que tanto a machucou e para o filho. E são nesses poucos dias que o garoto deságua em amor.

No restante do ano, Cícero aprisiona a saudade. E cultiva o sonho de ir. Ir embora com a mãe. Ir embora encontrar a mãe.

É só ao lado de Luzimar, vizinho e amigo, que a dor aquieta. Dois pares de pernas que correm Carrasco de ponta a ponta e desembocam na beira daquele rio que tudo leva, menos a saudade. Essa fica represada, à espera do próximo ano-novo.

Até que Aneci deixa de voltar.

Enquanto a espera se prolonga após dezembros de ausência, Cícero e Luzimar se descobrem homens ao se encontrarem um no outro. Mas ser homem nestas terras ― e nestas águas ― também significa saber escolher bem suas armas…

E a correnteza desse rio ainda tem muito passado para contar.
Sept. 9, 2025 read
o livro inteiro é um conjunto de metáforas poéticas cujo eixo principal é a tríade mar-rio-terra. cícero e luzimar são como o rio e o mar, mas a terra seca que os cerca tenta impedir um de desaguar no outro. cícero é um rapaz que não sente vergonha das emoções e de ver beleza nas coisas. mas tal qual o mar, com sua aparente paz, pode também ser impulsivo e revolto. já luzimar é o rio, arrastando tudo pelo caminho, mas cuja constância da sua correnteza traz um alento e uma calmaria à vida de cícero.

é interessante demais — e o livro nos convida a isso — se perder nessas metáforas. vez ou outra achei poético ou experimental demais com a estrutura, mas no geral isso não me impediu de ficar completamente envolvida pela narrativa e de me comover com a história.

foi bem legal ir reconhecendo certos falares e referências culturais que fazem parte da minha bagagem de coisas vividas como pessoa do nordeste, principalmente uma de família vinda do interior. essas coisas que, apesar de familiares a partir vida real, não tenho hábito de ver assim impressas em papel. ou ao menos não com tanta aparência de genuinidade.

(só não entendi bem pq ((a editora ou o autor ou sei lá quem)) colocou os termos mais particulares do linguajar nordestino/cearense/popular em itálico, mas não deixa de ser algo comum de se ver por aí. não faz sentido pensar que a ausência do itálico prejudicaria o entendimento do texto. me parece mais quase um pedido de desculpas por infringir a prestigiada norma culta portuguesa. sei lá, é só um detalhe, mas um q achei mt destoante do conteúdo do livro)

li para o clube de leitura #acrônica aqui do fediverso
acrônica ação ceará clube do livro lgbt+
Cleopatra (1963) NeoDB Douban TMDB IMDb
Cleopatra
director: Joseph L. Mankiewicz actor: Elizabeth Taylor / Richard Burton
other title: Cleópatra / Cléopâtre
Determined to hold on to the throne, Cleopatra seduces the Roman emperor Julius Caesar. When Caesar is murdered, she redirects her attentions to his general, Marc Antony, who vows to take power—but Caesar’s successor has other plans.
Me chame pelo seu nome Goodreads
Call me by your name
author: André Aciman translator: Alessandra Esteche Intrínseca 2018 - 1
Livro que inspirou o filme dirigido por Luca Guadagnino, aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, do Rio, no Sundance e um dos principais candidatos ao Oscar de 2018.

A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.

Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.

Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.
May 12, 2025 read
May 13, 2025 Review me chame pelo seu nome - o filme é lindo usando a sua linguagem cinematográfica específica e o livro também tira bastante proveito de coisas que a linguagem escrita é capaz (como alguém que viu primeiro o filme e depois leu o livro). no livro temos uma visão melhor do conflito interior de elio quanto à sua sexualidade. em alguns pontos fiquei em dúvida se o que o filme deixa muito claro que é homossexualidade não podia ser uma bissexualidade. não sei se isso é deixado mais explícito no livro-sequência, mas aqui a sexualidade de elio é deixada meio que a encargo da interpretação do leitor. o escritor consegue apresentar o pensamento confuso de alguém que não sabe muito bem o que prefere (ou o tanto que esse preferir é influenciado por expectativas sociais) que nos confunde junto até uma conclusão mais ou menos sólida do personagem no final. outra coisa que me pareceu fazer muito mais sentido no livro foram as referências ao pensamento de heráclito. as reflexões sobre a natureza da mudança e as n possíveis realidades bifurcadas pela probabilidade e pelo tempo ficam muito mais evidentes quando as ouvimos do próprio elio. também achei interessante a forma como o autor transforma a consciência da realidade em sua escrita. as falas de elio se confundem com as falas de oliver devido à falta de uma indicação clara do interlocutor (em alusão ao tema principal do livro, a fusão dos amantes). algumas cenas são afetadas pela memória de elio, por seus sentimentos ou pelo seu estado (embriaguez, sonolência, etc.). após o discurso do pai no final do livro nos parece que a voz de elio muda um pouco, como se fosse escrita numa idade mais avançada, e fiquei questionando o quanto do livro no início era um recorte de diários misturado com o que elio parecia recordar. já algumas coisas foram meio dúbias, como aquela história tailandesa no meio e todo o episódio do 💩, mas vou fingir que entendi a intenção do autor rs
lgbt+ romance