Camus
A Peste Goodreads
author: Albert Camus / Ersílio Cardoso Livros do Brasil 2020 - 7
Na manhã de um dia 16 de abril dos anos de 1940, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça num rato morto. Este é o primeiro sinal de uma epidemia de peste que em breve toma conta de toda a cidade de Orão, na Argélia. Sujeita a quarentena, esta torna-se um território irrespirável e os seus habitantes são conduzidos até estados de sofrimento, de loucura, mas também de compaixão de proporções desmedidas.

Uma história arrebatadora sobre o horror, a sobrevivência e a resiliência do ser humano, A Peste é uma parábola de ressonância intemporal, um romance magistralmente construído, que, publicado originalmente em 1947, consagrou em definitivo Albert Camus como um dos autores fundamentais da literatura moderna.
Jan. 30, 2025 read
Esse livro fez a pandemia de COVID ser um enorme déjà-vu, principalmente o modo como encarar a gravidade da situação era mais difícil que fingir que estava tudo bem e continuar tudo como estava, então, que livro melhor para inicar a #QuartaCapa que A Peste?

A prefeitura, por intermédio de Richard, pediu a Rieux um relatório destinado à capital da colônia, para solicitar ordens. Rieux fez uma descrição clínica e colocou números. No mesmo dia, contaram-se cerca de quarenta mortos. O prefeito assumiu a responsabilidade, como ele dizia, de intensificar a partir do dia seguinte as medidas prescritas. A notificação compulsória e o isolamento foram mantidos. As casas dos doentes deviam ser fechadas e desinfetadas, os que os rodeavam, submetidos a uma quarentena de segurança, os enterros, organizados pela cidade nas condições que veremos a seguir. Um dia depois, o soro chegava por avião. Era suficiente para os casos em tratamento. Era insuficiente se a epidemia viesse a se alastrar. Responderam ao telegrama de Rieux que o estoque de reserva estava esgotado e que estava sendo iniciada nova produção.
Durante esse tempo, de todos os subúrbios, a primavera chegava aos mercados. Milhares de rosas murchavam nas cestas dos vendedores, ao longo das calçadas, e seu perfume adocicado flutuava por toda a cidade. Aparentemente, nada mudara. Os bondes continuavam sempre cheios nas horas de afluência, vazios e sujos o resto do dia. Tarrou observava o velhinho, e este escarrava nos gatos. Grand se recolhia em casa todas as noites para seu misterioso trabalho. Cottard vagueava sem destino e o Sr. Othon, o juiz de instrução, continuava a passear com seus animais. O velho asmático despejava os grãos-de-bico de um recipiente para o outro, e, por vezes, encontrava-se o jornalista Rambert com um ar tranquilo e interessado. À noite, a mesma multidão enchia as ruas e as filas estendiam-se diante dos cinemas. Aliás, a epidemia pareceu recuar, e durante alguns dias contou-se apenas uma dezena de mortos. Depois, de repente, subiu de modo vertiginoso. No dia em que o número dos mortos atingiu de novo trinta, Bernard Rieux olhava o telegrama oficial que o prefeito lhe estendera, exclamando: “Estão com medo!” O telegrama dizia: “Declarem estado de peste. Fechem a cidade”.
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