Acadêmicos
O Ser e o Nada Goodreads
L'être et le néant
author: Jean-Paul Sartre Editora Vozes 2009
Publicado em 1943, "O Ser e o Nada" dá continuidade a uma reflexão que já se iniciara no princípio do século com pensadores como Kierkegaard, Jaspers e Heidegger, exercendo uma incontornável influência sobre as cinco últimas décadas. Sartre desenvolveu um prodigioso e completo sistema de "explicação total do mundo" através de um exame detalhado da realidade humana como ela se manifesta, estudando o abstrato concretamente. Ao ser publicado, "O Ser e o Nada" causou espanto, polêmica, protestos, admiração. Com sua originalidade transgressora e contestações às verdades eternas da tradição filosófica, constitui o apogeu da primeira fase da filosofia sartriana.
Feb. 6, 2025 read
Meio que uma trapaça estar indicando esse livro na #QuartaCapa, porque não o li inteiro. Mas ele tem uma divisão boa, que facilita essa apropriação, com uma separação por temas bem feita. E mesmo sendo um calhamaço, e sendo um pouco difícil com o tanto de "ser em si" e "ser para si" no texto, ele tem uma abordagem muito mais concreta que a maioria dos filósofos.
E absolutamente fascinante começar a pensar o mundo nos termos existencialistas.
Acadêmicos Filosofia QuartaCapa
Afromarxismo Goodreads
author: Luiz Mauricio Azevedo Sulina 2022 - 11
Em "Afromarxismo: fragmentos de uma teoria literária prática", Luiz oferece uma reflexão materialmente dialética sobre o estado de coisas no mundo. Com doses de ironia, à la Marx, Luiz reacende no leitor a ideia do "revide" negro. Aborda o problema da identidade como algo político e urgente, e que necessita ser lido através da lógica da reprodução social capitalista. Uma leitura de tirar o fôlego, que provoca, mas que estabelece diálogo permanente mesmo com quem, talvez, ache radicais as ideias apresentadas.

O autor rechaça o pensamento intelectual preso à redoma de uma história universal eurocêntrica que nos relega, em especial negros e negras, ao lugar de complemento.

O livro é necessário diante de armadilhas como a venda de um "capitalismo humanizado" supostamente antirracista; na análise, Luiz nos previne de tal superficialidade. É sobre morte e a morte do pensar livre versus a inquietude viva de Luiz. Ele troca com louvor a lâmpada do marxismo dominado pela branquitude e toma a ferramenta com o objetivo de mudança social. Em 2022, fragmentos de uma teoria literária prática é um enfrentamento ao mofo da intelectualidade das redes sociais e uma arma para a morte do fascismo.

"Ele escreve sobre o texto contemporâneo, ponderando conclusões para aquele que acredita tê-las e incendiando desejos naqueles que podem não tê-los."
— Luciany Aparecida, Revista Brasileira de Literatura Comparada

"O escritor, editor e pesquisador da USP Luiz Mauricio Azevedo busca tornar visível o que foi invisibilizado."
— Úrsula Passos, Folha de S. Paulo

"Para Luiz Mauricio Azevedo, a construção de uma crítica literária voltada à produção de negros e negras é algo que se faz com sangue nos olhos."
— Igor Natusch, Jornal do Comércio

"Ele, Azevedo, escreve para os críticos e para a universidade; dialoga com os pares, impõe-se pelo rigor técnico, pela honestidade intelectual, pelo desprezo aos conchavos, pelo entusiasmo do pensamento crítico, em fim de contas."
— Cidinha da Silva, Geledés

"Azevedo localiza a crítica literária como uma área em crise, embora ele demonstre com clareza e objetividade a possibilidade da superação desse impasse por meio do corajoso exercício da crítica da crítica."
— Roberta Flores Pedroso, Zero Hora

"Enquanto prática discursiva que confronta o status quo, a escrita de Luiz Mauricio Azevedo visa fraturar o habitual, o ordinário, no sentido mesmo daquilo se repete, que se faz presença fixa no pensamento instituído como norma."
— Giovana S. Pinheiro, Literafro

"Luiz Mauricio tem a sabedoria de não entrar numa disputa conceitual em todos os textos focam em objetos específicos."
— Luís Augusto Fischer, GZH
Feb. 6, 2025 read
Luiz Maurício é um cara que devia ser MUITO, mas MUITO mais conhecido. Não só como escritor, crítico literário, ativista, mas também como acadêmico capaz de elaborar as nossas angústias muito bem, então aproveito para indicar nessa #QuartaCapa.
E o que Afromarxismo faz. As dinâmicas assimilacionistas do mercado sobre o movimento político, a incapacidade do marxismo acadêmico de apresentar soluções para pessoas que dependem de soluções para estar vivas semana que vem, que vão ser cooptadas pelas ideologias assimilacionistas do mercado, porque elas ao menos oferecem um meio de estar vivo semana que vem.
Pedrada muito boa.
Acadêmicos QuartaCapa
O Espírito das Luzes Goodreads
L'Esprit des Lumières
author: Tzvetan Todorov Barcarolla 2008
Depois do desmoronamento das utopias, sobre qual base intelectual e moral queremos construir nossa vida comum? indaga Tzvetan Todorov na introdução de "O espírito das Luzes". Na busca de uma resposta a tal pergunta o pensador se depara com a vertente humanista das Luzes, que teve por conseqüência o que se conquistou, principalmente na filosofia, como Iluminismo. As Luzes, que tem como origem de seu próprio nome a constatação do fenômeno corriqueiro no qual se ilumina aquilo que se encontrava em trevas, propunham uma postura diante do mundo e de tudo aquilo que envolve a vida humana. Postura da qual todos nós somos herdeiros. Pois foi neste período e nesta corrente coletiva de pensamento, pensadores e atitudes que pela primeira vez na história os seres humanos decidiram tomar nas mãos seu destino e colocar o bem-estar da humanidade como objetivo principal de seus atos. As Luzes emanaram de toda a Europa e não apenas de um país, exprimindo-se por meio da filosofia e da política, das ciências e das artes.

Num livro que dialoga tanto com os que se interessam por filosofia, quanto com aqueles que se interessam por assuntos contemporâneos, Todorov parece indicar um caminho de reflexão a partir dos movimentos filosóficos que os coloca frente a frente com o mundo comum e os acontecimentos importantes de nossa sociedade. O público ao qual se destina o ensaio vai do jovem estudante colegial ao acadêmico, pois com uma escrita despojada de academicismos, o autor nos transporta para um núcleo de questões humanas cuja abrangência compreende e transcende o contexto histórico em que surgiu. Seu texto, como a vertente de pensamento que o inspirou, realiza de forma ao mesmo tempo simples e densa, seus propósitos, sem perder o rigor analítico que caracteriza os grandes pensadores.

Não estamos diante de um ensaio de história da filosofia, mas sim de um livro que busca ferramentas em um passado luminoso para lançar luzes sobre o que há de obscurantismo na vida moderna. Entender a letra e o espírito das Luzes parece ser um caminho claro de emancipação para toda a humanidade. Não se trata de um estudo que considere os textos do passado letra morta, seu espírito ainda vive! Temos, portanto, segundo o pensador búlgaro, de reacender as luzes hoje!
Feb. 6, 2025 read
Ensaio curtinho do Todorov, que consegue reelaborar de um modo interessante a contradição entre o iluminismo ser ao mesmo tempo o pilar central de nossa cultura e sociedade e um risco absurdo, como as críticas de Adorno mostram. Todorov chega na solução poética de que é preciso buscar o espírito das luzes, mas não a luz em si. O iluminismo enquanto norma ou sistema para organizar a sociedade cai nos excessos da racionalização insensível, mas enquanto conjunto de valores cujo espírito norteia normas e sistemas, pode nos levar ao mundo que sonhamos.
#QuartaCapa
Acadêmicos QuartaCapa
O mito da felicidade Goodreads
The Happiness Myth: Why What We Think Is Right Is Wrong
author: Jennifer Michael Hecht Larousse 2009
"Surpreendentemente, o livro nos dá alegria e conforto pelo próprio ato de examinar nossos anseios e certamente fará os leitores reverem suas crenças sobre o que constitui a felicidade"
— Library Journal

"O mito da felicidade" é uma bela história e uma meditação sobre o melhor que nós humanos pensamos e temos dito sobre esse tema volátil: a felicidade.
Feb. 6, 2025 read
E quase trapaça indicar O Mito da Felicidade na #QuartaCapa de livros acadêmicos, porque apesar de ser um livro de história, escrito por uma historiadora, com pesquisa séria e debates historiográficos interessantes, ele se apresenta como um livro de "filosofia do bem-viver", ou seja, uma auto-ajuda chique.
O objetivo é fazer um apanhado sobre como diferentes contextos lidam com temas centrais para a nossa vida cotidiana, para que a experiência de alteridade de conhecer essas outras abordagens nos permita olhar para a nossa própria abordagem com olhos novos, menos viciados pela rotina, menos naturalizados. Provavelmente esse livro é a melhor resposta para a pergunta "para que serve a História?" que eu vou encontrar na vida.
(Os temas que ela considera centrais para a felicidade são sabedoria, drogas, dinheiro, corpo e celebração)
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A Condição Humana Goodreads
The Human Condition
author: Hannah Arendt translator: Roberto Raposo Relógio D'Água 2001 - 6
"A Condição Humana", livro central do pensamento de Hannah Arendt, afirma-se, nos primeiros capítulos, como uma crítica da modernidade, a partir da reflexão sobre "o que andamos a fazer", e da discussão sistemática "do labor, do trabalho e da acção", actividades que constituem traços essenciais da perenidade da condição humana. Arendt aponta para a recuperação de um mundo comum, a ágora, como espaço público do debate e do confronto entre iguais, pela reabilitação da política, a única resistência possível contra a alienação do mundo moderno, e, por inerência, do discurso, "pois é o discurso que faz do homem um ser político".
Feb. 6, 2025 read
Como explicar odiarmos nosso trabalho, mas dedicarmos uma quantidade enorme de energia a criar software livre, escrever, fazer amigurumi e outras tantas atividades? Como conciliar a ideia de alienação do trabalho do Marx com a nossa observação da realidade social?
Logo no início desse livro, Arendt traz algumas chaves para isso, na divisão da atividade humana em labor, trabalho e ação. Essa é outra elaboração que faz você ver o mundo de outra forma, e transforma profundamente sua atitude. (e faz querer bater em todo mundo que insiste em negar que o trabalho é uma tortura nas discussões políticas).
#QuartaCapa
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Work on Myth Goodreads
author: Hans Blumenberg MIT Press 1988 - 3
In this rich examination of how we inherit and transform myths, Hans Blumenberg continues his study of the philosophical roots of the modern world. Work on Myth is in five parts. The first two analyze the characteristics of myth and the stages in the West's work on myth, including long discussions of such authors as Freud, Joyce, Cassirer, and Valéry. The latter three parts present a comprehensive account of the history of the Prometheus myth, from Hesiod and Aeschylus to Gide and Kafka. This section includes a detailed analysis of Goethe's lifelong confrontation with the Prometheus myth, which is a unique synthesis of "psychobiography" and history of ideas. Work on Myth is included in the series Studies in Contemporary German Social Thought, edited by Thomas McCarthy.
Feb. 6, 2025 read
Blumenberg é foda. Mais do que você imagina. E um tanto quanto desconhecido também.
O centro desse livro é a ideia de que o mito não é uma historinha de povos primitivos para explicar as coisas porque eles não tinham ciência, mas uma forma de conhecimento, que tem sua própria epistemologia, que se funda em uma espécie de pensamento automático. O mito não responde perguntas, ele impede a sua formulação. Ele forma verdades autoevidentes, seguranças que nos tiram a necessidade de questionar a realidade.
E um calhamaço que muda o seu modo de estar no mundo e entender a cultura humana, porque você começa a ver esse mito do Blumenberg em todos os lugares, inclusive na ciência. Algum dia eu preciso mesmo escrever sobre implicações políticas disso.
#QuartaCapa
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