"Deve ser a resistência..." :-)
Publicado originalmente no Filmow
Filmaço. Decidi assisti-lo por ser dos mesmos diretores de "Intocáveis" (Intouchables, 2011). De antemão, para quem gostou da temática e sensibilidade de "Samba", recomendo a minissérie britânica, de 4 capítulos, "Run", de 2013.
Voltando ao filme, penso que ele mostra o pior de 2 mundos: daqueles que não tem o mínimo existencial para levar uma vida digna e, ainda assim, lutam por ela, por pior que seja. E daqueles que estão materialmente plenos, mas que perderam a essência da vida para levá-la adiante.
Acabei imaginando isso de uma forma bem visual e simbólica e o que me veio à mente foi a imagem do Yin e o Yang (Spoiler a seguir):
O Yin, [sem conotações sobre a cor de pele] sendo Samba, a metade escura representando as condições degradantes em que vive, sem condições materiais mínimas, porém com aquele ponto branco que é sua gana de viver. !<
Já o Yang, seria Alice, a metade clara representando todo o conforto material que o dinheiro pode proporcionar preenchido, embora o ponto negro é justamente a ausência daquela chama da vida. !<
Ao passo que, juntos, Samba e Alice podem formar a síntese, preenchendo suas respectivas lacunas de forma recíproca. !<
Um momento bem singelo é quando Alice diz que ficou feliz e Samba responde: "Fico feliz por você ter ficado feliz". É de uma empatia sem igual. !<
E, em meio a tudo isso, não poderia deixar passar a história contada pelo tio de Samba, que traz uma reflexão justamente sobre essa temática maior do filme. Alertando que não basta a vontade de viver, é necessário saber diferenciar aquilo que é um mero anestésico ou distração das coisas que realmente irão nos preencher e nos edificar.
"Na África, nas noites de chuva, os insetos efêmeros, voam dando voltas e caem nos pratos. Batem nas paredes e já caem meio mortos. O problema é que eles não conseguem resistir à atração da luz. O desejo de viver é grande demais. Eles giram freneticamente em torno da lâmpada. Pela manhã, eles parecem as pequenas folhas mortas espalhadas sobre a mesa, embora no dia anterior fossem borboletas. Eu desejo que nenhum de nós seja um desses efêmeros".