As percepções de tempo de um ser quase eterno

Como em Dungeon Meshi, Frieren acerta em contar a mesma história de sempre sob uma nova perspectiva. O anime tem um ritmo lento e se demora em cenas que noutras contações seriam suprimidas, já que não contribuem para o épico a ser contado. Cenas de desavenças simples entre dois personagens, flashbacks que explicam porque aquele personagem agem assim agora, muitas vezes repetindo frases que ouviu de outros (coisas que acontecem quotidianamente em nossas vidas sem que nos demos conta).

Ele também inova por ter personagens que não estão na mesma lógica que nós: Frieren age de formas exóticas e busca objetivos que não seriam os nossos. Mas ela se encontra, ao longo do anime, com vários outros personagens que tem motivos "bobos" ou triviais para fazer determinadas coisas, mas que, por esses tolos motivos, empreendem ações admiráveis. É interessante que algumas dessas ações admiráveis são admiráveis por sua permanência. É admirável porque consumiu longos anos. É admirável porque mostra um trabalho de uma vida toda. De certa forma, o anime reconhece assim o valor e os feitos de pessoas idosas.

Até quando o ritmo do anime muda subitamente porque o grupo entra numa espécie de torneio, a coisa se torna interessante porque notamos que o ritmo da história é o ritmo da Frieren. Não é que nesse mundo as coisas são bucólicas e acontecem devagar: não, as coisas ainda acontecem rápido, os humanos são ambiciosos e querem conquistas e competem entre si por isso. A Frieren que tem um ritmo diferente e se importa com outras coisas. Então é legal ver esse choque de estilos de vida se colocando um contra o outro.

Vale muito a pena ver e é muito justo que depois de anos esse anime tenha desbancado FullMetal Alchemist Brotherhood como mais bem avaliado. Ele conta sua história com um frescor completamente inesperado e aprofunda os personagens de uma forma muito única e, ainda assim, tem seus momentos de ação e demonstrações de poder.