Resenha do Filme Feliz Natal (Joyeux Noël, 2005)

Publicado originalmente no Filmow em 16/05/2012.
Logo na abertura do filme, vemos a cena de uma criança em uma sala de aula, em frente ao quadro negro, com um mapa atrás de si, como que apresentando um seminário. Enaltecendo as qualidades de seu país e atacando as nações inimigas. O mais interessante: cada uma delas, fala na respectiva língua de seu país, característica esta que é mantida durante todo o filme, ajudando a manter a imparcialidade, de forma que o espectador não é levado a tomar partido da Nação X ou Y.
O Chamado para a Guerra:
Escócia Um rapaz (William) chega na paróquia empolgado e começa a tocar o sino, diz que se alistou e que também deu o nome de seu irmão mais novo, um coroinha (Jonathan). O padre (Palmer) acaba se juntando à eles e vai servir como médico no front.
Alemanha
O tenor Nikolaus Sprink e sua amada, a soprano Anna Sörensen são famosos no mundo da ópera. Durante uma apresentação, um militar alemão entra no auditório e lê um comunicado: Sprink é convocado para a guerra.
França
Já nas trincheiras, somos apresentados ao Tenente Audebert, se preparando para uma ofensiva: ele passa mal e depois de vomitar, se recompõe e sai de sua guarnição para comandar seus soldados para o próximo ataque, tenta motivá-los dizendo que, se forem bem sucedidos na missão, poderão passar o Natal em casa.
Temos então o combate: o exército francês tem muitas baixas, grande parte causada por uma metralhadora alemã e Audebert perde sua carteira que continha a única foto de sua esposa. E, ao contrário do que previa, ele e seus soldados passarão o Natal nas trincheiras. Do lado dos escoceses, William é alvejado, seu irmão mais novo tenta carregá-lo, mas ambos caem e Jonathan é forçado a deixá-lo para morrer na terra de ninguém. o Padre Palmer leva uma dura de seu superior por conta de sua tentativa de resgatar um companheiro que estava caído, a poucos metros da trincheira. Do lado dos alemães, a soprano Anna Sörensen consegue a liberação de Sprink do front, apenas por uma noite: para cantarem para o Príncipe Herdeiro.
Porém, depois da apresentação, Sprink sente uma inquietação e diz que quer voltar ainda na mesma noite para as trincheiras: ele diz que precisa cantar para seus companheiros. Anna não entende, diz que não irá deixá-lo escapar e irá junto com ele para o front, se necessário. E é isso que acontece, para espanto de Horstmayer (Tenente alemão) que logo cede e permite a permanência de ambos nas trincheiras.
Do lado escocês, começam a cantar e tocar suas gaitas de fole, pouco depois, é a vez dos alemães soltarem a voz, ao final são aplaudidos… pelos escoceses! E estes “insinuam” com suas gaitas de fole o início de uma nova canção que, prontamente, tem seguimento pela voz de Sprinker, que se empolga, pega uma pequena árvore de Natal e sai da trincheira indo em direção aos escoceses. Nesse meio tempo, os franceses estão mais que desconfiados e ficam de olho neles, através de suas alças de mira.
O Tenente alemão vai atrás de Sprinker para trazê-lo de volta mas, antes disso, é a vez do Tenente escocês sair de sua trincheira e se aproximar deles. O Tenente Audebert não perde tempo e se junta ao grupo. Os líderes tentam se comunicar, a língua escolhida é o inglês. Planejam um cessar-fogo na noite de Natal e, somente durante a Noite de Natal. Fazem o gesto de despedida e antes de voltarem para suas trincheiras, os soldados de todos os lados se juntam à eles. Para surpresa de todos, começam a trocar alguns presentes improvisados, como chocolate e bebidas.
Nesse momento temos uma cena cômica: um gato passa entre eles, 2 soldados (um alemão e outro francês) reconhecem e tentam pega-lo, cada um chamando por um nome diferente. O alemão chama o gato de Felix, já o francês diz que não: seu nome é Nestor!
Vocês podem pensar que o filme termina por aqui, mas não: falei apenas da metade dele e de forma bem resumida. Apesar da ambientação ser em uma guerra, é um filme bonito e sutil. Ele nos mostra que, por mais brutal e sangrenta que uma guerra possa ser, os exércitos são formados por seres humanos, não por monstros. E agora que os soldados se conhecem, ficaram cara a cara, conversaram, trocaram presentes… ainda terão coragem de puxar o gatilho uns contra os outros? Descubra assistindo Feliz Natal!
Este filme foi baseado em fatos reais.