O que torna os cultos tão intrigantes e assustadores? O que os torna poderosos? A razão pela qual tantos de nós assistimos documentários sobre Charles Manson e Jim Jones aos montes e caímos em tocas de coelho pesquisando sobre pessoas que se afiliam ao QAnon é a busca por uma explicação satisfatória para o que faz com que elas se juntem — e, mais importante, permaneçam em — grupos extremos. Nós secretamente queremos saber: isso poderia acontecer comigo?

Cultos: A Linguagem do Fanatismo, novo livro da Macabra em parceria com a DarkSide Books, examina minuciosamente a forma como as palavras podem ser manipuladas para construir um senso de comunidade, reforçar valores coletivos, impedir o debate, ou até mesmo incentivar comportamento nocivo em nome da ideologia. Montell reconta histórias de seitas bastante conhecidas e grupos cultistas para examinar como a linguagem tem, historicamente, colaborado com práticas coercivas.

Por meio de narrativas suculentas e pesquisas profundas, originais e afiadas, Montell expõe os elementos verbais que transformam um amplo espectro de comunidades em “cultos”, revelando como afetam os seguidores de grupos tão notórios quanto os de Jim Jones e Heaven’s Gate, mas também como eles permeiam startups modernas, estratégias de marketing, academias de crossfit e gurus de mídias sociais.

Incisiva e com um humor ácido, a abordagem arrebatadora de Montell vai fazer você questionar até mesmo o seu feed de Instagram. Enquanto provoca a universalidade da influência cultista, a autora defende a humanidade daqueles que foram arrebatados por suas crenças. Tudo isso em uma edição macabrenta em capa dura e repleta de colagens da artista Carol Nazatto.

Às vezes arrepiante, em outros momentos engraçado, mas sempre perceptivo, crítico e muito convincente, Cultos: A Linguagem do Fanatismo é uma leitura fascinante, acessível e muito informativa sobre o poder da linguagem, e como ela faz nascer e ruir impérios com a escolha certa de palavras.